quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Começa o “show”

Tem muito candidato que não quer nem saber de pesquisas eleitorais e aposta que o jogo só começa a ser jogado quando inicia a propaganda eleitoral gratuita. Para a alegria desse pessoal este dia chegou. Desde a terça-feira (17) milhares de candidatos começaram a invadir as casas dos eleitores através do rádio e da TV. No primeiro dia a expectativa de todos é de fazer bonito e não assustar a manada que está ali para analisar as propostas e escolher para quem vai o seu voto ou simplesmente confirmar a sua preferência decidida antes mesmo do horário eleitoral entrar no ar. Mas não são apenas os candidatos que se preocupam com o início dos “trabalhos”. É nos primeiros dias da propaganda política que as pessoas se reúnem em frente a TV com a intenção de ver embates dignos de clássico de futebol ou simplesmente a estreia de uma nova comédia pastelão. O que se viu, foi um pouco dos dois.

Serra

Quem abriu as cortinas foi José Serra (PSDB). Provavelmente orientado, bem orientado por sinal, evitou atacar o presidente Lula, até porque seria burrice bater “no cara” que tem 78% de avaliação de bom/ótimo, segundo a última pesquisa Ibope, divulgada na segunda-feira (16). Até ficou com jeito de elogio ao antecessor. “Seguir em frente”, “avançar”, foi o mote usado pelo tucano. Os 7min19s do candidato foram usados para destacar sua experiência na Saúde.

Dilma

A suspeita se concretizou: 10min39s na TV é bastante. É tanto tempo que dá para ir do Oiapoque ao Chuí e Foi isso que a candidata do PT Dilma Roussef fez. Dividindo a tela com o presidente Lula, Dilma mostrou, como era de se esperar, as realizações do atual governo. E foi milhão que não acabava mais. Emprego, PAC, investimentos, pré-sal etc... Mais afinados que dupla sertaneja, Dilma e Lula mostraram sintonia e deixaram evidente que são “unha e carne”. Sabem quantas vezes o nome de Lula foi citado? Eu contei: onze (só no programa noturno).

Marina

Coitada da candidata do PV. Tem a triste missão de se tornar conhecida e de quebra apresentar suas propostas em apenas 1min23s. Nessas horas ela gostaria de incorporar o espírito do saudoso Enéas e poder berrar “meu nome é Marina”. No tempo que lhe restou, Marina focou o discurso na bandeira de seu partido. Viva o verde.

Os outros

Novas e velhas caras apareceram nos segundos destinados aos candidatos nanicos. Um degrau acima está o candidato do Psol Plínio Arruda que apesar do jeitão matusalém, enquadra bem na telinha e fala bonito. Quem também surpreendeu foi o candidato do PCO Rui Costa Pimenta. Rui deu um upgrade no visual e abandonou o visual “classe trabalhadora” para adotar um modelito mais “dotô” com terninho, gravata e biblioteca de fundo, mas as novidades ficaram nisso, pois o discurso de “opressão” continua o mesmo.

Merchan

Alguém entendeu o que Levy Fidelix tentou fazer trazendo para a tela uma “cesta básica” com produtos de marca? Cara de merchandising, cheiro de merchandising e imagem de merchandising. Mas se era merchandising ninguém vai saber.

Ladainha

O candidato to PSTU Zé Maria, esqueceu de trocar o disco e o discurso é o mesmo de oito anos atrás. Aliás as imagens usadas na propaganda também. É bandeirinha do PSTU recortada pra cá pra lá e o velho e batido slogan “contra burguês vote...” você já deve ter decorado.

A sacada

Boa tirada teve o candidato do PCB Ivan Pinheiro. Sem rodeio pediu o “voto protesto” do eleitor. Se morasse em Joinville e fosse candidato a prefeito, poderia até se dar bem, mas como é candidato a presidente, talvez não receba nem o voto da família em protesto por ter entrado nessa furada.

O primeiro


Quem saiu na frente na corrida pelos votos dos catarinenses foi o joinvilense Abdala Abi Faraj (PP). Pelo menos na propaganda eleitoral. Abdala foi o primeiro a mostrar sua cara e seu número para os eleitores. Mas foi só a cara, porque o áudio ficou ruim e quase não deu para escutar o libanês.

O bailarino

Marinheiro de primeira viagem, o Dr. Dalmo Claro (PMDB) fez sua estreia no horário eleitoral. Mas não deu para prestar atenção nas suas propostas já que o homem não parava quieto e ficava bailando na tela mais que Fred Aster. O que ele prometeu mesmo? Ah sim, trabalhar pela saúde.

Cadê os Pizzolattis?

Nem pai, nem filho, nem neto. A dinastia João Pizzolatti não apareceu no programa eleitoral do PP. Como o deferimento da candidatura do Neto só foi dado na segunda-feira, provavelmente não deu tempo de gravar a participação. Já o Filho (que é o pai deputado), luta na justiça para poder se candidatar. Difícil, mas será que é impossível? Com a palavra o TSE.

Largou na frente


Na disputa pelo eleitorado petista da região, o ex- deputado estadual Francisco de Assis saiu na frente da primeira-dama Marinete Merss. Assis pediu o voto, colocou a filha para lembrar o seu número, pediu para os eleitores acessarem seu site. Já Marinete, nem deu o ar da graça.

José Carlos Vieira

Como diz o ditado, “esse mundo dá voltas”. Primeira eleição de casa nova, o deputado José Carlos Vieira largou o partido de oposição (DEM) para estrear no parido da base governista de Lula (PR). Resultado: só elogios ao presidente, ao Brasil, Santa Catarina e por aí a fora.

Salada mista

Tem candidato para todos os gostos concorrendo a Câmara Federal por Santa Catarina. Agricultor, índio, advogado, médico e por aí vai a miscelânea.

Só sorrisos


Com a “ajuda” de Carlito Merss, que está fazendo uma administração pra lá de questionada, o ex-prefeito Tebaldi estreou no horário eleitoral de bem com a vida. O tucano era só sorrisos. Lembrou que construiu a Arena, fez 500 km de asfalto e 400 salas de aula. Não precisou mais nada.

Os novos

Dois candidatos, representando Joinville e a nova geração política da região, se destacaram. Patrício Destro (DEM) e Leonel Camasão (Psol) mostraram desenvoltura e discurso de primeira linha. Os dois seguiram a linha do “vote no novo” e na mudança. Patrício pediu que os eleitores “apostassem nessa ideia” e Camasão pediu “coragem para mudar”. Outra coincidência entre os dois candidatos é que ambos são formados em jornalismo.

Telhado de vidro

Apenas três candidatos usaram o termo “ficha suja” em seus programas.

Haja coração

Se forem levados em conta todos os candidatos a deputado federal que pediram o “voto de coração”, vai faltar espaço para tanta gente. O coração de eleitor pode ser até igual coração de mãe (sempre cabe mais um), mas a urna só aceita um voto.